"Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas, mas nenhuma delas é cubana." FIDEL CASTRO

sábado, 30 de outubro de 2010

CARTA DE UM AMIGO CRISTÃO DE RAIZ

Caro amigo Gilberto


Obrigado por sua manifestação de ontem relativamente a posição do Papa Bento XVI, que, ao se reunir com bispos católicos romanos nordestinos brasileiros, emitiu opinião política, a meu ver, eticamente comprometida e deselegante, intrometendo-se indiretamente na soberania e eleições de outro País, visto que o Papa é chefe de Estado.

Efetivamente ao me manifestar aqui, sobre esse assunto, caro Gilberto, não o faço movido pelo ranço anticatolicismo romano nem antipapista.

Participo de organismos ecumênicos e me relaciono imensamente bem com católicos romanos comprometidos com o povo.

Conheço excelentes cristãos dessa igreja, profundamente engajados na luta por justiça e diguinidade humana. Mas não se pode calar ante a posição política de Joseph Alois Ratzinger.

Ora, se ele expõe posição política igualmente se torna alvo de contradições e polêmica. Ele sabe disso e se antecipa em avisar que “não devemos temer”.

Pois bem, Joseph Ratzinger (o Papa Bento XVI), é reconhecido por ser conservador, anti-socialista, elitista e de visão centro européia, considerando os povos pobres como periféricos e sem pensamento próprio.

O Papa João Paulo II era muito conservador, mas Ratzinger conseguiu agir à direita do Papa anterior, na articulação contra setores progressistas da Igreja Romana, influenciar destrutivamente o movimento ecumênico internacional, articular-se com o imperialismo americano, aproximando-se de Reagan e dos Bush contra os povos chamados dependentes e indiretamente apoiou a invasão do Iraque e de Afeganistão.

Seu antecessor colaborou com os Estados Unidos para estraçalhar o socialismo soviético.

Há fortes indícios de que Bush ajudou a influenciar na eleição de Ratzinger ao cargo de Papa, para ser um braço pró-imperialista no mundo, usando exatamente a religião e o moralismo para abortar as conquistas dos povos oprimidos.

Quando Bento XVI veio ao Brasil pronunciou discurso dizendo que as missões católicas que acompanharam a “descoberta” do Brasil vieram fazer pura evangelização e nunca praticaram atrocidades contra indígenas e escravos africanos.

Ora, isso é um escárnio à história e uma mentira deslavada com o objetivo de mascarar os crimes políticos que a igreja, medieval e ignorante, praticou contra as vidas dos povos fora da Europa.

A vinda desse Papa ao Brasil deu-se numa moldura de frieza com nosso povo, desrespeito à espontaneidade à nossa cultura. Milhares de pessoas abandonaram o catolicismo romano em face do desprezo com que Bento XVI tratou o povo que ansiosamente desejava saudá-lo e aplaudi-lo.

Tanto que Dom Cláudio Hummes interferiu junto a ele e lhe pediu para que fosse mais cordial e caloroso nas saudações ao povo e não tão frio, seco e desinteressado como mostrou-se em público.


Ratzinger, antes de se tornar Papa, presidiu a Congregação Doutrina para a Fé – a antiga Santa Inquisição.
Do alto de seu posto e arrogância perseguiu teólogos e pastoralistas engajados na Teologia da Libertação em toda a América Latina e da Teologia Negra na África.
Pressionou para aposentar e esvaziar bispos e cardeais como Dom Paulo Arns, em São Paulo, Dom Hélder Câmara em Olinda e Recife, Dom Pedro Cassaldáliga em São Félix do Araguaia, de silenciar e deprimir o Teólogo Franciscano Leonardo Boff e tantos outros e outras.

Trabalhei com o Teólogo uruguaio Juan Luis Segundo e sobre a teologia dele construí minha tese de mestrado.
Acompanhei seu calvário e morte sob depressão, sentimento de abandono e de desprezo por parte do Papa João Paulo II e de Ratzinger.

Proibiram-no de rezar missas nos templos, limitando-o a rezar em clausuras de irmãs, desde que mais rezasse do que pregasse.
Toda a postura e política desse Papa Bento VI é altamente conservadora, de direita e machista.
Não há como negar essa verdade.

Ebtretanto ele, Bento XVI, silenciou em face dos crimes de padres pedófilos e nada disse contra as barbáries praticadas pelos Estados Unidos.
Há indícios de que tenha feito acordos com governos e juízes norte americanos, para não arcar com os altos custos nas indenizações de famílias de crianças abusadas por padres e bispos pedófilos ou por relacionamentos clandestinos de padres e prelados celibatários e suas mulheres atrás das igrejas, que grávidas e mães processaram clérigos que prometeram abandonar o sacerdócio para casar com elas e não o fizeram.

Como diz o povo: esse Papa tem o rabo preso.

Agora aqui na campanha eleitoral o candidato da direita, neoliberal e pró-imperialista José Serra promove a maior perseguição contra esquerda, a Dilma e a Lula, utilizando-se das igrejas, de padres, bispos e pastores comprometidos com o golpe de estado e com a injustiça.

A TFP e a Opus Dei, de seu aliado Geraldo Alckmin, de São Paulo, são promotoras das calúnias, injúrias e mentiras diabólicas contra Dilma e Lula, usando panfletos – estes apreendidos pela Polícia Federal em São Paulo – sites, ligações para casas e celulares caluniando pesadamente a candidata Dilma, pastorais lidas em várias igrejas do País, certamente se articularam com Bento VI na reta final dessa campanha eleitoral.
Ele conversou com bispos do Nordeste a partir de informações mentirosas, caluniosas e de pressões feitas por José Serra, por grupos do capital internacional, com a ajuda da Opus Dei, organização pesada de dentro do próprio Vaticano.

É bom olhar os filmes “O Código Da Vinci” e “O Corpo”, para se ter idéia do que essa Opus Dei, apoiada por Bento XVI, é capaz de fazer.

Não nos enganemos, o teor da fala do Papa Bento XVI é o mesmo usado por Serra e pelos grupos conservadores de direita católicos e evangélicos aqui e agora nessa campanha eleitoral contra Dilma e Lula, portanto, contra os pobres e contra o Brasil. Bento XVI faz interferência antiética e desrespeitosa em nossos assuntos nacionais. Isso não é casualidade nem coincidência, mas proposital. Bento XVI pratica desserviço ao nosso povo.

Dilma disse que o Papa tem direito de se manifestar.

Tem sim e nós temos o direito e o dever de desmascará-lo.

Bento XVI é lobo em pele de ovelha. É falso pastor.
Ele vem para roubar e para matar, como diz Jesus na parábola do Bom Pastor (João 10).

Não nos surpreendamos com as denúncias sobre isso que virão à tona após as eleições.

Abraços, meu irmão e amigo Gilberto.

TEXTO ORIGINAL EM:
http://padreorvandil.blogspot.com/2010/10/coincidencia-ou-articulacao-maligna.html

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SERRA INVENTA CAFETINAGEM ELEITORAL E REVOLTA MULHERES



Serra pediu às “meninas bonitas” brasileiras que facilitem as coisas para aquele homem entre 15 pretendentes que tiverem que vote no 45.

O candidato tucano não esclareceu o que elas devem fazer se os 15 decidirem votar nele para conseguirem, digamos, os “préstimos” delas.

Tenho 3 filhas e 1 neta – e também tive mãe, à diferença de alguns políticos. Uma filha de 28, outra de 24, outra de 12 e uma neta de 9.

Não são apenas as mulheres que sentiram-se ofendidas pelo candidato do PSDB à… PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Eu me ofendi muito.

Ofendi-me pelas minhas meninas, por minha mãe que já se foi, até. E por todas as brasileiras de qualquer idade, “bonitas” ou não.

Se tivesse um só homem que honrasse as calças que veste naquele comício em Uberlândia nesta 4a, em que esse sujeitinho disse isso, teria esmurrado o nariz dele.

Que tipo de homem pede que mocinhas – e só as “bonitas” – usem a si mesmas em seu benefício?

A palhavra cafetão lhe é perfeita. Além de mentiroso, fingido e covarde , agora sabemos que não há o que não faria para vencer.

Será que na imprensa brasileira não tem um só veículo com vergonha na cara para fazer uma ampla reportagem sobre essa vergonha?

Será que esse indivíduo conseguirá ter uma derrota menos do que acachapante no próximo domingo?



Do Correio do Brasil

O candidato tucano, José Serra, gerou uma nova onda de protestos na internet, no início da noite desta quinta-feira, por parte das mulheres que se sentiram ofendidas com o pedido do candidato, feito no encerramento do discurso em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para uma plateia de cabos eleitorais e convidados. Ele apelou para que para as “meninas bonitas” busquem convencer os seus pretendentes masculinos a votar nele, principalmente na internet.

– Quero me concentrar agora no que vamos fazer até domingo. Temos que não apenas votar, temos que ganhar voto de quem está indeciso, voto de quem não está ainda muito decidido do outro lado – argumentou o candidato.

Segundo o candidato tucano, mulheres bonitas têm mais condições de cabalar votos para a aliança da direita.

– Se é menina bonita, tem que ganhar 15 (votos). É muito simples: faz a lista de pretendentes e manda e-mail dizendo que vai ter mais chance quem votar no 45 – completou.

A proposta caiu mal para as mulheres brasileiras que, no Twitter, alçaram o primeiro lugar nos trends (assuntos mais debatidos nas redes sociais) nacionais e terceiro lugar, em nível mundial, com as mensagens de protesto contra o candidato.

“Sou mineira e bonita, mas não tenho tenho vocação pra trabalho de bordel”, escreveu @fiz_mesmo, seguida de @velvetinha: “Credo, o Serra é antigo, que ideia mais triste, gente. Ele imagina as meninas coqueteando para ganhar votos. Perai, vou ali vomitar”.

Os protestos foram rastreados pela tag #serracafetao, que chegou ao terceiro lugar em nível mundial, no início da noite. O internauta @emrsn ponderou que “por muito menos o Ciro foi mega desacreditado pela imprensa”, e @purafor pergunta se esta seria uma proposta do candidato para se criar “um bordel a nível nacional”. Enquanto isso, @rodrigonc, que não deve passar dos 14 anos, aproveita para entrar na discussão, “só avisando às meninas bonitas do Twitter: podem me mandar DM (mensagem direta, na tradução do inglês) que a gente já pode negociar esse voto”.

O internauta @luisfelipesilva acirra o debate ao constatar que “não tem profissão mais ingrata do que ser marketeiro do Serra, haja gafe…”, mas coube à internauta @alessandra_st colocar o tom do protesto: “Serra desvaloriza a mulher e subestima eleitorado feminino em MG”, concluiu.


FONTE: http://www.blogcidadania.com.br/2010/10/tucano-inventa-cafetinagem-eleitoral-e-revolta-mulhres/

A HORA VIRADA DO SERRA




FONTE: http://esmaelmorais.com.br/?p=627

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ONDE VOCÊ ESTAVA EM 1964?




Onde você estava em 1964?

Há momentos na história de cada país que são definidores de quem é quem, da natureza de cada partido, de cada força social, de cada indivíduo. Há governos em relação aos quais se pode divergir pela esquerda ou pela direita, conforme o ponto de vista de cada um. Acontecia isso com governos como os do Getúlio, do JK, do Jango, criticado tanto pela direita – com enfoques liberais ou diretamente fascistas – e pela esquerda – por setor es marxistas.

Mas há governos que, pela clareza de sua ação, não permitem essas nuances, que definem os rumos da história futura de um país. Foi assim com o nazismo na Alemanha, com o fascismo na Itália, com o franquismo na Espanha, com o salazarismo em Portugal, com a ocupação e o governo de Vichy na França, entre outros exemplos.

No caso do Brasil e de outros países latinoamericanos, esse momento foi o golpe militar e a instauração da ditadura militar em 1964. Diante da mobilização golpista dos anos prévios a 1964, da instauração da ditadura e da colocação em prática das suas políticas, não havia ambigüidade possível, nem a favor, nem contra. Tanto assim que praticamente todas as entidades empresariais, todos os partidos da direita, praticamente todos os órgãos da mídia – com exceção da Última Hora – pregavam o golpe, participando e promovendo o clima de desestabilização que levou à intervenção brutal das FAA, q ue rompeu com a democracia – em nome da defesa da democracia, como sempre -, apoiaram a instauração do regime de terror no Brasil.

Como se pode rever pelas reproduções das primeiras páginas dos jornais que circulam pela internet, todos – FSP, Estadão, O Globo, entre os que existiam naquela época e sobrevivem – se somaram à onda ditatorial, fizeram campanha com a Tradição, Família e Propriedade, com o Ibase, com a Embaixada dos EUA, com os setores mais direitistas do país. Apoiaram o golpe e as medidas repressivas brutais e aquelas que caracterizariam, no plano econômico e social à ditadura: intervenção em todos os sindicatos, arrocho salarial, prisão e condenação das lidreanças populares.

Instauraram a lua-de-mel que o grande empresariado nacional e estrangeiro queria: expansão da acumulação de capital centrada no consumo de luxo e na exportação, com arrocho salarial, propiciando os maiores lucros que tiveram os capitalist as no Brasil. A economia e a sociedade brasileira ganharam um rumo nitidamente conservador, elitistas, de exclusão social, de criminalização dos conflitos e das reivindicações democráticas, no marco da Doutrina de Segurança Nacional.

As famílias Frias, Mesquita, Marinho, entre outras, participaram ativamente, no momento mais determinante da história brasileira, do lado da ditadura e não na defesa da democracia. Acobertaram a repressão, seja publicando as versões mentirosas da ditadura sobre a prisão, a tortura, o assassinato dos opositores, como também – no caso da FSP -, emprestando carros da empresa para acobertar ações criminais os órgãos repressivos da ditadura. (O livro de Beatriz Kushnir, “Os cães de guarda”, da Editora Boitempo, relata com detalhes esse episódio e outros do papel da mídia em conivência e apoio à ditadura militar.)

No momento mais importante da história brasileira, a mídia monopolista esteve do lado da ditadura, contra a democracia. Querem agora usar processos feitos pela ditadura militar como se provassem algo contra os que lutaram contra ele e foram presos e torturados. É como se se usassem dados do nazismo sobre judeus, comunistas e ciganos vitimas dos campos de concentração. É como se se usassem dados do fascismo italiano a respeito dos membros da resistência italiana. É como se se usassem dados do fraquismo sobre o comportamento dos republicanos, como Garcia Lorca, presos e seviciados pelo regime. É como se se usasse os processos do governo de Vichy como testemunha contra os resistentes franceses.

Aqueles que participaram do golpe e da ditadura foram agraciados com a anistia feita pela ditadura, para limpar suas responsabilidades. Assim não houve processo contra o empréstimo de viaturas pela FSP à Operação Bandeirantes. O silêncio da família Frias diante da acusações públicas, apoiadas em provas irrefutáveis, é uma confissão de culpa.

Estamos próximos de termos uma presidente mulher, que participou da resistência à ditadura e que foi torturada pelos agentes do regime de terror instaurado no país, com o apoio da mídia monopolista. Parece-lhes insuportável moralmente e de fato o é. A figura de Dilma é para eles uma acusação permanente, pela dignidade que ela representa, pela sua trajetória, pelos valores que ela representa.

Onde estava cada um em 1964? Essa a questão chave para definir quem é quem na democracia brasileira.


Blog do Emir Sader.

101 ANOS DE PURA SABEDORIA

Artido de Oscar Niemeyer - Publicado em 27-Out-2010 - LInk abaixo


"Assusta-nos imaginar uma vitória de Serra" Nosso mestre Oscar Niemeyer, em artigo publicado hoje na coluna Tendências e Debates, da Folha de S. Paulo, com a humildade e a sabedoria de sempre, resume bem o espírito de todos nós diante desta campanha eleitoral: "assusta-nos imaginar o que aconteceria no caso de uma vitória de Serra".

"Seria - adverte Niemeyer - a repetição do que ocorreu no Brasil anteriormente à Presidência de Lula: o governo afastado do povo, alheio ao que se passa na América Latina, indiferente à ameaça que o imperialismo dos EUA representava para os países do nosso continente. Seria o avançar do processo de privatização de grandes empresas nacionais e de empreendimentos de valor estratégico para este país".

Na experiência de quem aos 101 anos, participou de todos os momentos decisivos do país, posicionando-se ao lad o dos progressistas em prol do que mais importa, o bem do nosso povo, o mestre de todos nós afirma que na sua posição de homem de esquerda o que realmente interessa nesta disputa é "defender a permanência das diretrizes fixadas pela gestão de Lula, tão autêntico e patriótico que surpreende o mundo inteiro".

Não deixem de ler seu artigo "O que eu posso dizer".

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2710201008.htm

FELIZ ANIVERSÁRIO PRESIDENTE LULA

CARTA ABERTA DE CARLOS MOURA PARA RICARDO NOBLAT

CARLOS MOURA - Aposentado, fotógrafo, redator de jornal de interior, sócio de uma pequena editora de livros clássicos e coordenador da Ação da Cidadania em Além Paraíba-MG

RICARDO NOBLAT - Jornalista e operário de “O Globo”



Noblat:


Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica.

Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos.

Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos.

Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes.

A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical.

Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor.

Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho.

O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca.

A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, “manchetar” a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53%, ficou impossível falar com candura.

Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia” do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio.

Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma.

Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não.

A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence.

Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua.

Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Serra e a “privatização” do petróleo pelo PT

PARA ENTENDEREM MELHOR E REPASSAREM






A estratégia de Serra para fugir à pecha de privatista é a de tentar confundir o eleitor acusando a adversária de ter “privatizado” áreas de exploração de petróleo. Mente e confunde tanto que até o jornal que o apóia explicitamente, o Estadão, viu “esquizofrenia” em seu discurso sobre Dilma ser mais privatista do que ele.


O menos ético – ou mais antiético – no discurso tucano é a acusação ao governo Lula de ter privatizado alguma coisa, no que diz respeito a jazidas de petróleo. Isso porque o marco regulatório vigente até a descoberta do pré-sal – e que o governo atual, por respeito aos contratos, teve que manter – foi criado pelo PSDB.


Fernando Henrique Cardoso, quando presidente, propôs e sancionou a Lei do Petróleo, uma lei ordinária que revogou a Lei N° 2004 e, assim, acabou com o monopólio estatal do petróleo no Brasil e criou o modelo de concessão, que o governo Lula rejeita para a exploração do pré-sal.


Faz-se necessário explicar à sociedade por que o regime de concessão até poderia ter alguma lógica quando foi criado e por que não pode ser mantido para o pré-sal. Além disso, há que explicar que a “privatização” de que Serra acusa Dilma decorre do modelo criado pelo governo que o tucano integrou.


O regime de concessão foi implantado no Brasil em 1997. Àquela época, o preço do barril do petróleo era de US$19, pouco atraente para investidores. E como o país já estava sufocado pela crise cambial que explodiria dois anos depois (1999)e a Petrobras, conseqüentemente, estava descapitalizada – apesar de que o governo vendera 30% das ações da empresa por um valor irrisório, US$5 bilhões –, houve que recorrer a modelo que vigeu até há pouco no Brasil.


Sem dinheiro para explorar petróleo, com o país fortemente dependente de importações da commoditie em um momento em que já praticamente não tínhamos mais reservas em dólares que não fossem emprestadas pelo FMI, pelos EUA ou pelo Clube de Paris, foi necessário criar o regime de concessão.


Para simplificar – e é necessário fazê-lo, porque as explicações de Dilma sobre o assunto têm sido muito tecnocráticas, do que Serra tem se aproveitado –, basta dizer que, no regime de concessão de campos de petróleo, a empresa assume o risco de não encontrar petróleo algum naquela área. Mas se localiza, fica com a parte do leão e paga somente uma “comissão” ao Estado, ou seja, ao povo.


O governo Lula tratou de capitalizar a Petrobrás e de investir pesadamente em pesquisa, o que redundou na descoberta do pré-sal. Como os campos de petróleo descobertos no litoral entre Espírito Santo e Santa Catarina já foram confirmados, explorar petróleo ali representa risco bastante reduzido, para não dizer inexistente.


Nesse momento, o governo Lula propõe ao Congresso que seja mudado o marco regulatório (as leis sobre permissão a empresas privadas para extraírem petróleo) de concessão para partilha, modelo que melhor se adequaria à quase inexistência de risco nos campos do pré-sal.


Como é desprezível o risco de não se obter petróleo nos campos a serem entregues à iniciativa privada – o que terá que ser feito porque nenhuma empresa petrolífera, nem a gigante Petrobrás, tem capacidade de explorar sozinha área tão extensa – não é possível que as empresas privadas – praticamente todas multinacionais – fiquem com parte tão grande do que extraírem do subsolo brasileiro.


No regime de partilha, inverte-se a equação. Em vez de as empresas privadas ficarem com a parte do leão e darem uma comissão ao Estado, é este que fica com o grosso do petróleo extraído e paga uma comissão à empresa extratora pelo serviço prestado.


Enquanto Serra acusa o governo Lula de ter privatizado alguma coisa, seu partido e seus aliados no Congresso lutam para entregar o pré-sal às empresas privadas no regime criado por FHC, o regime de concessão, o que seria uma barbaridade porque não terão custos de prospecção.


É extremamente difícil explicar tudo isto em uma resposta de dois minutos. Serra sabe disso e se aproveita do fato para tentar confundir o eleitorado. Apesar da percepção da sociedade de que privatista é o PSDB, e de o discurso de Serra, como saiu no Estadão, estar parecendo “esquizofrênico”, a estratégia tucana confunde, em alguma medida.


FONTE: http://www.blogcidadania.com.br/2010/10/serra-e-a-%e2%80%9cprivatizacao%e2%80%9d-do-petroleo-pelo-pt/