"Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas, mas nenhuma delas é cubana." FIDEL CASTRO

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

FINALMENTE ENTERRARAM KADAFI


Corpos de Kadafi e seu filho em exposição em câmara frigorífica



Finalmente, topei com um artigo do professor Cláudio Lembo, ex-vice-governador de São Paulo, cuja filiação ao DEM o deixa insuspeito de qualquer conotação esquerdista ou anti-ocidental.

Reproduzo, porque é escrito não apenas com as lições da História, mas com a alma de um ser humano que, à parte de ideologias, não tem prazer em ver a profanação de cadáveres.

E que, lucidamente, não a atribui aos árabes, mas aquilo a que os levamos – das Cruzadas até hoje – em nome dos interesses econômicos e políticos que usam a democracia como o cristianismo foi usado, há muitos séculos, como bandeira de sua hipocrisia.


Leiam o texto. É muito bom, em meio a isso, ler as palavras de um ser humano civilizado.


“Morreu(?) Kadafi.

Os meios de comunicação ocidentais comemoram.

Algumas personalidades internacionais demonstram satisfação.

Todos proclamam a importância do fim de mais uma ditadura.

Restam, no entanto, perguntas não respondidas.
A História da Líbia é de conflitos permanentes.
Desde a antiguidade, a área geográfica, onde se situa o país, foi invadida por inúmeros povos: fenícios, gregos, romanos, vândalos e bizantinos.

Em tempos mais recentes, italianos, alemães, ingleses e franceses estiveram ocupando os desertos que se estendem, a partir do Mediterrâneo, no norte da África.

Beberes e árabes formam a população líbia que, a partir do governo de Mohamede ben Ali – em 1840 – adotou o islamismo como religião, a partir de uma seita que se tornou altamente popular.

Aqui a primeira pergunta sem resposta:

A queda violenta de um governante, ainda que ditador, não gerará um clima de humilhação e revolta em grande parcela da população?

Esta é muçulmana.
Durante os últimos séculos, foram vítimas do colonialismo e do imperialismo que, sem escrúpulos, utilizou as riquezas naturais dos povos dominados.

Até há pouco, os governantes europeus cortejavam Kadafi e o utilizavam para negócios exuberantes.
De repente, o dirigente morto(?) caiu em desgraça.

Para derrubá-lo, somaram-se as maiores e mais poderosas forças armadas. Estados Unidos aliados à OTAN – Organização do Tratado do Atlântico – bombardearam sem piedade populações civis.

Quando se realizam operações militares contra alvos indiscriminados restam traços de rancor e desamor nas coletividades agredidas.

Até hoje, apesar das aparências em contrário, as populações das cidades alemãs bombardeadas na última Grande Guerra – particularmente Dresden, Frankfurt e Berlim – guardam a dor pela perda de seus antepassados.

O Ocidente, em sua ânsia de dominação, vai semeando ódio e desencanto por toda a parte onde se encontram presentes os muçulmanos.

Ontem, foi o Iraque e o Afeganistão. Hoje, a Líbia. (E amanhã?)

Esta macabra escalada precisa conhecer paradeiro. Ser finalizada. Irá tornar a falsa primavera árabe em rigoroso inverno, nas relações entre os povos.

Os dias de hoje recordam o dramático e brutal episódio das cruzadas.
Agrediram populações que as receberam calorosamente.
Saquearam.
Mataram.
Violentaram.
Em nome de valores religiosos, praticaram atrocidades inomináveis.

Repetir a História é tolo. O Ocidente sempre a repete se fundamentado em princípios intrinsecamente valiosos.
Fala em democracia. Omite que esta, para ser implantada, exige condicionantes culturais e sociais.

Na verdade, o que se constata é o interesse econômico nas áreas integrantes da chamada falsamente Primavera Árabe.

Está se gerando, na verdade, uma grande reação dos povos que adotam o Islam como religião.

O futuro demonstrará que, apesar das intervenções econômicas que virão, um substrato de animosidade restará presente.
Quem é agredido, mais cedo ou mais tarde revida.

É lamentável que os países europeus e os Estados Unidos conheçam apenas as armas como diplomacia.
Seria oportuno adotarem o diálogo como forma de resolver conflitos.

Chegou-se ao Século XXI com os mesmos vícios da antiguidade.
Não se busca a paz.
Deseja-se a guerra.
Violam-se princípios.
Aplaude-se a morte de pessoas indefesas.

Não é assim que se educa para a democracia.

O devido processo legal e o direito de defesa são sustentáculo de valores perenes.

O espetáculo selvagem visto nos últimos dias empobrece a humanidade.
Envergonha seus autores.

A Primavera Árabe transformou-se no inverno dos mais elevados valores concebidos no decorrer do tempo. Continuam selvagens, como sempre.




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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

DEPUTADA LUCIANA SANTOS: "A Verdade prevalecerá!"




Em discurso realizado na última quarta-feira (19) a deputada federal e vice-presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, repudiou os ataques contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, e o Partido.


Luciana destacou que as acusações caluniosas são uma “tentativa das forças que, diante do momento vitorioso que o Brasil está vivendo – de afirmação de sua soberania, de acertos nas políticas econômicas e de inclusão social – não se conformam com o êxito do governo a que nós pertencemos”.

A dirigente nacional lembrou que desde os primeiros ataques ao Partido e ao ministro, o acusador não apresentou nada que comprovasse suas declarações. “O fato concreto é que nós estamos até hoje sem nenhuma prova, sem nenhuma comprovação por parte de um homem que tem inúmeros processos nas costas”, ressaltou.


Leiam abaixo a íntegra do discurso de Luciana Santos:


Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, venho, na tarde de hoje, tratar dos ataques que nosso Partido e o ministro Orlando Silva têm sofrido durante esses dias, desde o fim de semana. Não temos nenhuma dúvida de que isso faz parte da disputa política ferrenha, cruel e suja que estamos vivenciando no país.

O ministro Orlando e nosso Partido têm sido atacados por um homem perigoso – um homem que responde a mais de uma dezena de processos – sem provas, sem consistência, sem conteúdo, um verdadeiro achincalhe.

Na verdade, trata-se de uma tentativa das forças que, diante do momento vitorioso que o Brasil está vivendo de afirmação de sua soberania, de acertos nas políticas econômicas e de inclusão social, não se conformam com o êxito do governo a que nós pertencemos. 

Esse ataque vem desde o início do ano e tenta atingir o governo Dilma. 

Ele levanta a bandeira da ética, mas, na verdade, esconde interesses escusos contrariados pela política em curso no país.

Esse ataque não tem nada a ver com questão ética. 

Nós estamos, isso sim, diante de pessoas que procuram, de todas as formas, por falta de debate de ideias, por falta de consistência dos argumentos de projeto político, atacar-nos por esse tipo de conduta. Nós estamos vendo, na verdade, a reação de uma pessoa que se viu diante de uma situação, de uma tomada de contas especial, feita pelo ministro e pelo Ministério, uma pessoa que está sendo utilizada pelo sistema para nos confrontar.

O que fez o ministro desde o primeiro momento? O ministro tem tomado atitudes destemidas. 

Desde o primeiro momento, convocou uma entrevista coletiva e tomou medidas: telefonou ao ministro José Eduardo Cardozo e formalizou o pedido de que houvesse uma ação do Ministério Público e da Polícia Federal para apurar as acusações.

O fato concreto é que nós estamos até hoje sem nenhuma prova, sem nenhuma comprovação por parte de um homem que tem inúmeros processos nas costas. 

O ministro esclareceu ontem – terça-feira (18) – vários fatores não aos meios de comunicação, mas à população brasileira, que merece respeito e respostas. Nós estamos diante de um ministério que era uma secretaria no governo Lula e que agora virou um ministério com porte, com peso e com a importância estratégica de órgão que toma conta de uma Copa e que conquistou a realização das Olimpíadas, frutos de esforço e trabalho.

Quarenta por cento dos atletas que estão em Guadalajara recebem bolsa do Ministério do Esporte. 

Mais de 1 milhão de pessoas são atendidas por meio de um programa estruturante. 

O programa garante a inclusão social de mais de um milhão de pessoas. 

São 182 convênios firmados com Prefeituras, para se ter uma ideia. 

Dizem que são só Prefeituras do PCdoB, mas, na verdade, são 38 convênios com Prefeituras do PT; 32 convênios com Prefeituras do PMDB; 15 do PSDB; 15 do DEM; 15 do PCdoB; 14 do PDT; 11 do PSB; 10 do PP; 9 do PPS; 9 do PR; 5 do PTB; 2 do PSC; 2 do PRB; 2 do PV; 1 do PSDB/PSD/PTC. Ou seja, são 182 convênios que demonstram a pluralidade da política de Estado que está em curso com o Programa Segundo Tempo.

Nós vivemos um verdadeiro processo kafkiano, depois de tudo o que foi dito ontem pelo ministro, depois da atitude vergonhosa dos líderes da oposição, que não estiveram na audiência com o ministro para se reunir com seu detrator. 

Não tiveram a coragem de fazer uma pergunta sequer ao ministro.

Hoje, nos deparamos com 15 páginas do jornal O Globo atacando o caráter ideológico do PCdoB, por conta de uma acusação leviana, sem provas. 

Uma verdadeira inversão de valores! 

Sem conseguir dar consistência à denúncia, os detratores passam a atacar lideranças do PCdoB no Brasil todo, comprovando mais uma vez o caráter eminentemente político do ataque.

A ditadura tentou dizimar fisicamente os comunistas, agora tentam atacar sua moral, mas os fatos e a verdade prevalecerão!



E replicado também em TERROR DO NORDESTE:  http://wwwterrordonordeste.blogspot.com/
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O CAPITALISMO CHEGOU AO FIM DA LINHA


Aos 81 anos, o sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver como sistema.
O capitalismo está derretendo!




Mas – e aqui começam as provocações – o que surgirá em seu lugar pode ser melhor (mais igualitário e democrático) ou pior (mais polarizado e explorador) do que temos hoje em dia.

Estamos, pensa este professor da Universidade de Yale e personagem assíduo dos Fóruns Sociais Mundiais, em meio a uma bifurcação, um momento histórico único nos últimos 500 anos.

Ao contrário do que pensava Karl Marx, o sistema não sucumbirá num ato heróico.

Desabará sobre suas próprias contradições.
Mas atenção: diferentemente de certos críticos do filósofo alemão, Wallerstein não está sugerindo que as ações humanas são irrelevantes.

Ao contrário: para ele, vivemos o momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade e do planeta. Ou seja, nossas escolhas realmente importam.
“Quando o sistema está estável, é relativamente determinista. Mas, quando passa por crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante.”

É no emblemático 1968, referência e inspiração de tantas iniciativas contemporâneas, que Wallerstein situa o início da bifurcação.

Lá teria se quebrado “a ilusão liberal que governava o sistema-mundo”.

Abertura de um período em que o sistema hegemônico começa a declinar e o futuro abre-se a rumos muito distintos, as revoltas daquele ano seriam, na opinião do sociólogo, o fato mais potente do século passado – superiores, por exemplo, à revolução soviética de 1917 ou a 1945, quando os EUA emergiram com grande poder mundial.

As declarações foram colhidas no dia 4 de outubro pela jornalista Sophie Shevardnadze, que conduz o programa Interview na emissora de televisão russa RT. A transcrição e a tradução para o português são iniciativas do sítio Outras Palavras, 15-10-2011.


Abaixo a entrevista, na íntegra:


– Há exatamente dois anos, você disse ao RT que o colapso real da economia ainda demoraria alguns anos. Esse colapso está acontecendo agora?

– Não, ainda vai demorar um ano ou dois, mas está claro que essa quebra está chegando.

– Quem está em maiores apuros: Os Estados Unidos, a União Europeia ou o mundo todo?

– Na verdade, o mundo todo vive problemas. Os Estados Unidos e União Europeia, claramente. Mas também acredito que os chamados países emergentes, ou em desenvolvimento – Brasil, Índia, China – também enfrentarão dificuldades. Não vejo ninguém em situação tranquila.

– Você está dizendo que o sistema financeiro está claramente quebrado. O que há de errado com o capitalismo contemporâneo?

– Essa é uma história muito longa. Na minha visão, o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema. A crise estrutural que atravessamos começou há bastante tempo. Segundo meu ponto de vista, por volta dos anos 1970 – e ainda vai durar mais uns 20, 30 ou 40 anos.

Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande desabamento de um sistema.

Estamos num momento de transição.

Na verdade, na luta política que acontece no mundo — que a maioria das pessoas se recusa a reconhecer — não está em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo.

E é claro: podem existir duas pontos de vista extremamente diferentes sobre o que deve tomar o lugar do capitalismo.

– Qual a sua visão?

– Eu gostaria de um sistema relativamente mais democrático, mais relativamente igualitário e moral. Essa é uma visão, nós nunca tivemos isso na história do mundo – mas é possível.

 A outra visão é de um sistema desigual, polarizado e explorador.

O capitalismo já é assim, mas pode advir um sistema muito pior que ele.

É como vejo a luta política que vivemos.

Tecnicamente, significa é uma bifurcação de um sistema.

– Então, a bifurcação do sistema capitalista está diretamente ligada aos caos econômico?

– Sim, as raízes da crise são, de muitas maneiras, a incapacidade de reproduzir o princípio básico do capitalismo, que é a acumulação sistemática de capital.

Esse é o ponto central do capitalismo como um sistema, e funcionou perfeitamente bem por 500 anos.
Foi um sistema muito bem sucedido no que se propõe a fazer.

Mas se desfez, como acontece com todos os sistemas.

– Esses tremores econômicos, políticos e sociais são perigosos? Quais são os prós e contras?

– Se você pergunta se os tremores são perigosos para você e para mim, então a resposta é sim, eles são extremamente perigosos para nós.

Na verdade, num dos livros que escrevi, chamei-os de “inferno na terra”. É um período no qual quase tudo é relativamente imprevisível a curto prazo – e as pessoas não podem conviver com o imprevisível a curto prazo.

Podemos nos ajustar ao imprevisível no longo prazo, mas não com a incerteza sobre o que vai acontecer no dia seguinte ou no ano seguinte.

Você não sabe o que fazer, e é basicamente o que estamos vendo no mundo da economia hoje.

É uma paralisia, pois ninguém está investindo, já que ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta.

Quem não tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe – mas não investir torna a situação ainda pior. As pessoas não sentem que têm muitas opções, e estão certas, as opções são escassas.

– Então, estamos nesse processo de abalos, e não existem prós ou contras, não temos opção, a não ser estar nesse processo. Você vê uma saída?

– Sim!

O que acontece numa bifurcação é que, em algum momento, pendemos para um dos lados, e voltamos a uma situação relativamente estável.

Quando a crise acabar, estaremos em um novo sistema, que não sabemos qual será. É uma situação muito otimista no sentido de que, na situação em que nos encontramos, o que eu e você fizermos realmente importa.
Isso não acontece quando vivemos num sistema que funciona perfeitamente bem.
Nesse caso, investimos uma quantidade imensa de energia e, no fim, tudo volta a ser o que era antes. Um pequeno exemplo.
Estamos na Rússia. Aqui aconteceu uma coisa chamada Revolução Russa, em 1917.
Foi um enorme esforço social, um número incrível de pessoas colocou muita energia nisso. Fizeram coisas incríveis, mas no final, onde está a Rússia, em relação ao lugar que ocupava em 1917?

Em muitos aspectos, está de volta ao mesmo lugar, ou mudou muito pouco. A mesma coisa poderia ser dita sobre a Revolução Francesa.

– O que isso diz sobre a importância das escolhas pessoais?

– A situação muda quando você está em uma crise estrutural. Se, normalmente, muito esforço se traduz em pouca mudança, nessas situações raras um pequeno esforço traz um conjunto enorme de mudanças – porque o sistema, agora, está muito instável e volátil.

Qualquer esforço leva a uma ou outra direção. Às vezes, digo que essa é a “historização” da velha distinção filosófica entre determinismo e livre-arbítrio.

Quando o sistema está relativamente estável, é relativamente determinista, com pouco espaço para o livre-arbítrio. Mas, quando está instável, passando por uma crise estrutural, o livre-arbítrio torna-se importante.

As ações de cada um realmente importam, de uma maneira que não se viu nos últimos 500 anos. Esse é meu argumento básico.

– Você sempre apontou Karl Marx como uma de suas maiores influências. Você acredita que ele ainda seja tão relevante no século XXI?

– Bem, Karl Marx foi um grande pensador no século XIX. Ele teve todas as virtudes, com suas ideias e percepções, e todas as limitações, por ser um homem do século XIX.

Uma de suas grandes limitações é que ele era um economista clássico demais, e era determinista demais.

Ele viu que os sistemas tinham um fim, mas achou que esse fim se dava como resultado de um processo de revolução.

Eu estou sugerindo que o fim é reflexo de contradições internas.

Todos somos prisioneiros de nosso tempo, disso não há dúvidas.
Marx foi um prisioneiro do fato de ter sido um pensador do século XIX; eu sou prisioneiro do fato de ser um pensador do século XX.

– Do século 21, agora…

– É, mas eu nasci em 1930, eu vivi 70 anos no século XX, eu sinto que sou um produto do século XX. Isso provavelmente se revela como limitação no meu próprio pensamento

– Quanto – e de que maneiras – esses dois séculos se diferem? Eles são realmente tão diferentes?

– Eu acredito que sim. Acredito que o ponto de virada deu-se por volta de 1970. Primeiro, pela revolução mundial de 1968, que não foi um evento sem importância.

Na verdade, eu o considero o evento mais significantes do século XX.

Mais importante que a Revolução Russa e mais importante que os Estados Unidos terem se tornado o poder hegemônico, em 1945.

Porque 1968 quebrou a ilusão liberal que governava o sistema mundial e anunciou a bifurcação que viria. Vivemos, desde então, na esteira de 1968, em todo o mundo.

– Você disse que vivemos a retomada de 68 desde que a revolução aconteceu. As pessoas às vezes dizem que o mundo ficou mais valente nas últimas duas décadas. O mundo ficou mais violento?

– Eu acho que as pessoas sentem um desconforto, embora ele talvez não corresponda à realidade. Não há dúvidas de que as pessoas estavam relativamente tranquilas quanto à violência em 1950 ou 1960. Hoje, elas têm medo e, em muitos sentidos, têm o direito de sentir medo.

– Você acredita que, com todo o progresso tecnológico, e com o fato de gostarmos de pensar que somos mais civilizados, não haverá mais guerras? O que isso diz sobre a natureza humana?

– Significa que as pessoas estão prontas para serem violentas em muitas circunstâncias.

Somos mais civilizados?

Eu não sei.

Esse é um conceito dúbio, primeiro porque o civilizado causa mais problemas que o não civilizado; os civilizados tentam destruir os bárbaros, não são os bárbaros que tentam destruir os civilizados.

Os civilizados definem os bárbaros: os outros são bárbaros; nós, os civilizados.

– É isso que vemos hoje? O Ocidente tentando ensinar os bárbaros de todo o mundo?


– É o que vemos há 500 anos.



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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

CONFISSÕES DE UM CABUETA(*) ASSASSINO

(*) CABUETA - Vem do termo "alcaguete", que, por corruptela virou cagueta, ou cabueta aqui nas minhas bandas de Pernambuco.

Assistam e tirem as suas conclusões...



















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terça-feira, 18 de outubro de 2011

UMA PROMOÇÃO COMO PUNIÇÃO

 VEJAM O POR QUE TANTOS POLICIAIS CORRUPTOS

O hoje major Bruno Schorcht foi flagrado, em março deste ano, agredindo crianças com spray de pimenta


Oficial PM do Rio acusado de lançar spray de pimenta em crianças no Morro do Bumba é promovido a major

O ex-capitão, atual major da PM Bruno Schorcht, transferido do 12º BPM para o 20º BPM há 45 dias, saiu com uma promoção da denúncia oferecida por promotores do Ministério Público, após ele ter sido flagrado em março deste ano espirrando um spray de pimenta nos olhos de manifestantes em Niterói, entre eles duas crianças e a avó delas , que protestavam contra o descaso do poder público após a tragédia no Morro do Bumba.

Segundo o boletim 162 da PM, o major PM Bruno Schorcht, com a matrícula 65.145 publicada no memorando 0581/2551, foi transferido do 12º para o 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que responde pela área dos municípios de Nova Iguaçu, Nilópolis e Mesquita, distante portanto da região de Niterói, onde o oficial foi flagrado junto com o soldado D’Angelo de Matos Pinel espirrando a substância em duas crianças, de 6 anos e 7 anos, além da mãe deles, que também aguardavam o pagamento do aluguel social destinado às famílias vítimas do desabamento.

Na denúncia, o Ministério Público Estadual ainda requereu, judicialmente, a concessão de medida cautelar em que solicita suspensão imediata dos envolvidos de suas funções policiais até que o processo seja concluído.

O MP afirma que a medida “é extremamente necessária, porque os policiais militares denunciados demonstram que não têm vocação e aptidão para o exercício de função tão importante que é a de policiamento ostensivo”.

O requerimento, porém, não surtiu qualquer efeito prático. (muito pelo contrário...)

Além da denúncia de agressão aos moradores, o oficial PM responde desde o início deste ano, a outro processo criminal instaurado junto ao Tribunal do Júri de São Gonçalo, por suposto crime de homicídio duplamente qualificado, em atividade típica de extermínio.







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domingo, 16 de outubro de 2011

PALAVRAS VAZIAS



Na semana passada, pretendi colocar em discussão o uso indevido da palavra “democracia”, vocábulo que nos é muito caro, mas que vem sendo abastardado pela sua pretensa identificação semântica com “capitalismo” ou “liberalismo” .

Será que realmente estamos em uma democracia só porque vivemos debaixo de um sistema que garanta a livre expressão?

Se o que nos cerca são desigualdades históricas, crônicas, onde a fome e a miséria estão presentes, essa é , realmente, uma “democracia”?

Algumas outras expressões consagradas, no campo da política ou da economia, sempre me incomodaram.

Lembro que, quando jovem, o pessoal da direita se referia aos exploradores – aí entendidos os latifundiários, os coronéis do açúcar, os grandes capitalistas, etc – como a “classe produtora”, desprezando totalmente, no processo de produção da riqueza nacional, os trabalhadores do campo e da cidade, numa demonstração clara, pela seleção vocabular, de segregação social.
Hoje esse termo é menos usado, mas encontra um certo substituto na palavra “empreendedor”, que parece querer referir-se tão somente aos que, detendo o capital, podem criar empresas.

Outra palavra que não me cai bem aos ouvidos, pela generalização com que hoje é empregada, é o termo “consumidor”.
Parece que se está extinguindo o “cidadão”, palavra que remete a todos os direitos e deveres do ser humano em uma sociedade democrática, trocada por esse vocábulo que revela claramente a essência de uma economia “de mercado”, na qual as pessoas valem pelo que possuem ou podem possuir e só nessa condição devem agir.

Aliás, a palavra “mercado” também é incomodativa, porque ocupa, hoje, destaque equivalente ao dos magos e demiurgos de antigamente, quase um deus a comandar o espetáculo da desigualdade social.
Quando ouço declarações de que “o mercado está nervoso”, confesso que eu é que fico, diante desse disparate metonímico.
Nem vou dizer aqui, ainda no plano da economia, o que penso da “lei da oferta e da procura”, pois certamente seria trucidado verbalmente pelo pessoal do economês.

Mas sempre me pareceu estranho que, havendo maior procura por um bem, este tenha que ter seu valor aumentado: é o mesmo bem, sua produção demandou o mesmo custo, mas ele passa a “valer mais” porque há mais gente que o tem como objetivo.
Confortável para quem produz, não? Mas e o outro lado, como é que fica? Fica pagando mais...

Na relação de palavras ou conjunto de palavras que me parecem exotéricas, está a expressão “segredo de Estado”.

Afinal, que é o Estado, quem é o Estado?

Em boa hora, em episódio recente, o Governo parece que acabou entendendo que não poderia declinar da divulgação dos fatos da história brasileira , para o conhecimento geral do povo.

Sei que certas recalcitrâncias se fazem ainda em nome de uma malfadada “governabilidade”, mais uma palavra perversa que coloca certos políticos ou grupos em condição de, velada ou escancaradamente, chantagear o Governo, condicionando seu apoio a medidas sérias em troca de decisões não tão sérias, como, por exemplo, a de condenar ao silêncio fatos significativos de nossa história.

É coisa petrificada na política nacional: nenhum partido governa sem o PMDB, essa aberração política que pode estar á esquerda ou à direita, desde que atendidas suas conveniências de desfrute do poder.

E a esse processo de submissão se dá o nome de “governabilidade”...

No campo da política, e em outros, a mídia usa e abusa de uma palavra que me causa espécie: “o especialista”.

Você pode apostar que, quando a mídia tem interesse em disseminar tal ou qual opinião, sempre há de mencionar um “especialista” que, ouvido, diz exatamente o que se pretende que ele diga. Trata-se de especialistas por conveniência...

O que me lembra Darcy Ribeiro, que, ao falar sobre especialistas, dizia que há pessoas que, quanto mais se aprofundam no saber do que sabem, mais ignorante ficam no resto.

Estava no meio desta coluna quando ouvi alguém falar na tal de “falta de vontade política”, para justificar a ausência de uma atitude por parte de um determinado governo.

Ora, quando qualquer governo não faz alguma coisa é porque não quer fazer , ou porque não acredita naquilo, ou porque pretende outra coisa.

Sendo assim, “vontade política de não fazer” seria uma expressão melhor... Fazendo aqui uma autocrítica, porque eu mesmo já usei muitas vezes essa expressão, cá para nós, “vontade política” é eufemismo vazio, tão vazio quanto a palavra “atitude”, impiedosamente usada hoje por cronistas esportivos para mostrar que o atleta X ou Y deve agir no sentido W ou Z...

O que você acha da expressão “clamor da opinião pública”, quando utilizada pela mídia a serviço de seus objetivos nem sempre confessados?

A “opinião pública” é , quase sempre, a opinião que se publica, ou seja, a opinião que segue a linha político-ideológica do órgão midiático que a apregoa.

Seguimos , assim, nesse cotidiano repleto de palavras vazias, ou enganosas, ou falsas. E este texto não tem o propósito ou a pretensão de vê-las banidas, que essa é uma luta inglória, mas quer propor, pelo menos, um convite ao enfrentamento.

Afinal, em outro contexto, Drummond já havia afirmado: “Lutar com as palavras é a luta mais vã. No entanto, lutamos”.



Sobre o autor deste artigo



Rodolpho Motta Lima



Advogado formado pela UFRJ-RJ (antiga Universidade de Brasil) e professor de Língua Portuguesa do Rio de Janeiro, formado pela UERJ , com atividade em diversas instituições do Rio de Janeiro.
Com militância política nos anos da ditadura, particularmente no movimento estudantil. Funcionário aposentado .

FONTE:  DIRETO DA REDAÇÃO  





sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A FOME NÃO MATA SOLDADOS, MATA CRIANÇAS




O ex-presidente está fazendo uma conferência sobre políticas públicas de segurança alimentar, desenvolvimento e redução da pobreza. 

Ontem, ele recebeu o prêmio World Food Prize nos Estados Unidos, com o discurso que reproduzo aí em cima. 

Mas vou tentar recuperar a fala de hoje, que é de imensa densidade e deve ser reproduzida o máximo que pudermos, porque é, de fato, impressionante. Se ainda der tempo, você pode ver aqui.3
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Morre, no Rio, o dirigente comunista José Raymundo da Silva

MAIS UM HOMEM FEITO DE FERRO E DE FLOR

O histórico dirigente comunista José Raymundo da Silva faleceu na noite da última sexta-feira (30/09/2011), aos 87 anos, no Rio de Janeiro, após complicações derivadas de uma parada cárdio-respiratória. Ele estava internado no hospital Quinta D’Or. O velório acontece neste sábado (01/10) a partir das 12 horas, na Capela do Cemitério São João Batista, em Botafogo, onde ele será sepultado.

Zé Raymundo foi um companheiro leal e combativo, sempre comprometido com as causas do socialismo, com a democracia e com a busca de justiça social.
Foi também uma das grandes lideranças nacionais dos bancários.

“Se existe ‘morte boa’ assim foi a de meu pai. Trabalhou até a noite de quinta-feira, 22 de setembro, naquilo que mais amava, a luta pelo socialismo. Preparava uma intervenção sobre o aprofundamento da crise do capitalismo para a reunião do “Grupo de Reflexão Socialista” que aconteceria na segunda-feira, 26”, conta Frederico Pessoa da Silva, filho de Zé Raimundo.

Ele relata ainda que na sexta (23/09) acordou bem disposto, preparou o café da manhã para a esposa e para filha e saiu para sua caminhada matinal. “Antes mediu e anotou pressão e temperatura como fazia há tempos: 12 X 8 e 36,4º, respectivamente. Um espetáculo”, relatou Fred.

A caminhada não aconteceu pois Zé Raimundo sofreu grave arritmia e parada cardio-respiratória no elevador. “Não sofreu. Socorrido e “ressuscitado” foi mantido em coma induzida até o momento final, quando seu coração parou de bater”, conta Fred em email emociado enviado a amigos da família e de seu pai.

A LUTA DE ZÉ RAYMUNDO

Bancário do Banco do Brasil, José Raymundo da Silva era casado com a professora Terezinha do Menino de Jesus Pessoa da Silva há 63 anos, mãe de seus seis filhos: Frederico, Alexandre, Ana Célia, Ricardo, Agliberto e Carmem Lúcia. 

Nasceu no dia 30 de dezembro de 1924 em São José do Egito, agreste pernambucano.Em 1950 ingressou na Juventude Comunista e a seguir no Partido Comunista Brasileiro ao qual dedicou o melhor de sua vida como militante e dirigente. Militante e dirigente sindical bancário a partir de 1955 fundou e foi o primeiro presidente da Federação dos Bancários do Norte e Nordeste que à época reunia os sindicatos da categoria da Bahia ao Amazonas. Junto com sindicalistas bancários de todo o Brasil fundou a Confederação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito – CONTEC, em 1958.

No mesmo ano integrou a Frente do Recife que reunia partidos e personalidades democráticas que possibilitaram as vitórias de Cid Sampaio e Miguel Arraes de Alencar governadores de Pernambuco. Frente igualmente patrocinadora das vitórias de Miguel Arraes, Pelópidas da Silveira e Artur Lima Cavalcante para a Prefeitura de Recife.Junto com Clodomir Moraes e outros militantes foi brutalmente espancado, torturado e preso em 1954 no Comício do Zumbi, organizado pelo PCB. Em 1961 foi preso (junto com David Capistrano da Costa, Gilberto Azevedo, João Barbosa de Vasconcelos e Cícero Targino Dantas) e enviado para o Presídio de Fernando de Noronha por ordem dos militares golpistas que tentavam impedir a posse do presidente João Goulart.

O golpe militar de 1964 o encontrou na Secretaria Geral do Conselho Sindical dos Trabalhadores – CONSINTRA, a intersindical pernambucana. 

Perseguido e condenado a 19 anos de prisão José Raymundo mergulhou na clandestinidade para, inicialmente, reorganizar o PCB em Pernambuco e, em 1965, integrar a Seção Sindical do Comitê Central do PCB.Membro da Executiva do Comitê Estadual do PCB na Guanabara foi preso em outubro de 1970 pelo DOI-CODI/RJ quando outra vez foi submetido a bárbaras torturas, recusando-se a prestar qualquer depoimento. Transferido para Recife (onde deveria cumprir a Sentença dos 19 anos) foi absolvido pelo STM e retornou ao Presídio Militar da Ilha das Flores (mantido pela Marinha) onde permaneceu até 1973.

De volta à vida legal dedicou-se à reorganização do PCB no antigo Estado da Guanabara até o final dos anos 80 quando foi eleito para o Comitê Central do PCB em seu VII Congresso. 

Desde então integrou o Secretariado Nacional do PCB, ao mesmo tempo que desenvolvia intensa militância entre os bancários do Rio de Janeiro.Aposentado, nos últimos anos atuava no Departamento dos Aposentados do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e na Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Brasil.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A “DESCOBERTA” DA AMÉRICA


12 de outubro marca o início dos maiores massacres da história da humanidade. A chegada dos colonizadores, invadindo e ocupando o nosso continente – ate aí chamado Aby ayala pelas populações indígenas -, representava a chegada do capitalismo, com o despojo das riquezas naturais dos nossos países, da destruição das populações indígenas e a introdução da pior das selvagerias: a escravidão.

Chegaram com a espada e a cruz, para dominar e oprimir, para impor seu poder militar e tentar impor sua religião.

Centenas de milhões de negros foram arrancados dos países, das suas famílias, do seu continente, à força, para serem trazidos como raça inferior, para produzir riquezas para as populações ricas da Europa branca e colonizadora. Uma grande proporção morria na viagem, os que chegavam tinham vida curta – de 7 a 9 anos -, porque era mais barato trazer nova leva de escravos da Africa.

Os massacres das populações indígenas e dos negros revelava como o capitalismo chegava ao novo continente jorrando sangue, demonstrando o que faria ao longo dos séculos de colonialismo e imperialismo.

Fomos submetidos à chamada acumulação originária, aquele processo no qual as novas potências coloniais disputavam pelo mundo afora o acesso a matérias primas, mão de obra barata e mercados.

A exploração colonial das Américas fez parte da disputa entre as potências coloniais no processo de revolução comercial, em que se definia quem estaria em melhores condições de liderar o processo de revolução industrial.

Durante mais de 4 séculos fomos reduzidos a isso.

Os ciclos econômicos da nossa história foram determinados não por decisões das populações locais, mas das necessidades e interesses do mercado mundial, controlado pelas potências colonizadoras.

Pau brasil, açúcar,  borracha, no nosso caso. Ouro, prata, cobre, carne, couro, e outras tantas riquezas do novo continente, foram sendo reiteradamente dilapidados em favor do enriquecimento das potências colonizadoras europeias.

Assim foi produzida a dicotomia entre o Norte rico e o Sul pobre, entre o poder e a riqueza concentrada no Norte – a que eles chamavam de “civilização” – e a pobreza e a opressão – a que eles chamavam de “barbárie”.

O início desse processo marca a data de hoje, que eles chamavam de “descoberta da América”, como se não existissem as populações nativas antes que eles as “descobrissem”.

No momento do quinto centenário buscaram abrandar a expressão, chamando de momento de “encontro de duas civilizações”.

Um encontro imposto por eles, baseado na força militar, que desembocou no despojo, na opressão e na discriminação.

Não nos esqueçamos disso, demos à data seu verdadeiro significado, que nos permita entender o presente à luz desse tenebroso passado de exploração e de massacre das populações indígenas e das populações negras”.

De Emir Sader, em seu blog na Carta Maior:

E replicado em http://www.tijolaco.com/

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Esquema das ambulâncias Sanguessuga é replicado no governo tucano de São Paulo




Lembra-se das ambulâncias Sanguessugas, onde parlamentares apresentavam emendas, o então ministro da Saúde José Serra (PSDB/SP) e, depois, Barjas Negri (PSDB/SP) liberavam as verbas, e os irmãos Vedoin superfaturavam?

Pois é, migrou para o Estado de São Paulo, quando José Serra (PSDB/SP) e o vice Alberto Goldman (PSDB/SP) foram governadores.

O sucessor, Geraldo Alckmin (PSDB/SP), está com o comportamento suspeito, de quem quer abafar as investigações.

No rastro da venda de emendas por deputados da Assembléia Legislativa paulista, descobriu-se que a ex-deputada estadual Patrícia Lima (PR-SP) apresentou uma emenda de R$ 2.200.000,00 para equipar o Hospital São João, da cidade de Registro (na região do Vale do Ribeira).

No Diário Oficial do dia de natal - 25 de dezembro de 2010 - a ex-deputada ganhou seu presente de papai noel: o governo tucano liberou a verba de R$ 2.180.000.

O dinheiro financiou a compra de equipamentos superfaturados em até 500% para o hospital.

É o mesmo modus operandi usado pela máfia dos sanguessugas.

É nisso que dá a imprensa demo-tucana ter blindado Serra e Barjas Negri de suas responsabilidades naquele escândalo de corrupção.

A impunidade levou José Serra a ser eleito governador de SP e a certeza da impunidade encorajou a corrupção a se repetir.

Detalhe: a ex-deputada Patrícia teve apenas três votos em Registro na eleição de 2010, e não se reelegeu.

(Esta notícia está na Folha de São Paulo, mas o texto do jornalão continua blindando Serra, Goldman e Alckmin e não estabelece a conexão com o modus operandi dos Sanguessugas. É por isso que a corrupção corre solta em São Paulo, jogando toda a sujeira para baixo do tapete) .Os Amigos do Presidente Lula.


Postado por O TERROR DO NORDESTE às 12:00 2

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

OS MORTOS QUE NÃO MORREM E OS VIVOS QUE NÃO VIVEM


“No dia em que executaram o Che Guevara em La Higuera, uma aldeola perdida nos confins da Bolívia, Julio Cortázar – que na época trabalhava como tradutor na Unesco – estava em Argel. Naquele tempo – 9 de outubro de 1967 – as notícias demoravam muito mais que hoje para andar pelo mundo, e mais ainda para ir de La Higuera a Argel.

Vinte dias depois, já de volta a Paris, onde vivia, Cortázar escreveu uma carta ao poeta cubano Roberto Fernández Retamar contando o que sentia: “Deixei os dias passarem como num pesadelo, comprando um jornal atrás do outro, sem querer me convencer, olhando essas fotos que todos nós olhamos, lendo as mesmas palavras e entrando, uma hora atrás da outra, no mais duro conformismo… A verdade é que escrever hoje, e diante disso, me parece a mais banal das artes, uma espécie de refúgio, de quase dissimulação, a substituição do insubstituível. O Che morreu, e não me resta mais do que o silêncio”.

Mas escreveu:

Yo tuve un hermano
que iba por los montes
mientras yo dormía.
Lo quise a mi modo,
le tomé su voz
libre como el agua,
caminé de a ratos
cerca de su sombra.
No nos vimos nunca
pero no importaba,
mi hermano despierto
mientras yo dormía,
mi hermano mostrándome
detrás de la noche
su estrella elegida.

A ansiedade de Cortázar, a angústia de saber que não havia outra saída a não ser aceitar a verdade, a neblina do pesadelo do qual ninguém conseguia despertar e sair, tudo isso se repetiu, naquele 9 de outubro de 1967, por gente espalhada pelo mundo afora – gente que, como ele, nunca havia conhecido o Che.

Passados exatos 44 anos da tarde em que o Che foi morto, o que me vem à memória são as palavras de Cortázar, o poema que recordo em sua voz grave e definitiva: “Eu tive um irmão, não nos encontramos nunca mas não importava, meu irmão desperto enquanto eu dormia, meu irmão me mostrando atrás da noite sua estrela escolhida”.

No dia anterior, 8 de outubro de 1967, um Ernesto Guevara magro, maltratado, isolado do mundo e da vida, com uma perna ferida por uma bala e carregando uma arma travada, se rendeu. Parecia um mendigo, um peregrino dos próprios sonhos, estava magro, a magreza estranha dos místicos e dos desamparados. Foi levado para um casebre onde funcionava a escola rural de La Higuera. No dia seguinte foi interrogado. Primeiro, por um tenente boliviano chamado Andrés Selich. Depois, por um coronel, também boliviano, chamado Joaquín Zenteno Anaya, e por um cubano chamado Félix Rodríguez, agente da CIA. Veio, então, a ordem final: o general René Barrientos, presidente da Bolívia, mandou liquidar o assunto.

O escolhido para executá-la foi um soldadinho chamado Mario Terán. A instrução final: não atirar no rosto. Só do pescoço para baixo. Primeiro o soldadinho acertou braços e pernas do Che. Depois, o peito. O último dos onze disparos foi dado à uma e dez da tarde daquela segunda-feira, 9 de outubro de 1967. Quatro meses e 16 dias antes, o Che havia cumprido 39 anos de idade. Sua última imagem: o corpo magro, estendido no tanque de lavar roupa de um casebre miserável de uma aldeola miserável de um país miserável da América Latina. Seu rosto definitivo, seus olhos abertos – olhando para um futuro que ele sonhou, mas não veria, olhando para cada um de nós. Seus olhos abertos para sempre.

Quarenta e quatro anos depois daquela segunda-feira, o homem novo sonhado por ele não aconteceu. Suas idéias teriam cabida no mundo de hoje? Como ele veria o que aconteceu e acontece? O que teria sido dele ao saber que se transformou numa espécie de ícone de sonhos românticos que perderam seu lugar? Haveria lugar para o Che Guevara nesse mundo que parece se esfarelar, mas ainda assim persiste, insiste em acreditar num futuro de justiça e harmonia? Um lugar para ele nesses tempos de avareza, cobiça, egoísmo?

Deveria haver. Deve haver. O Che virou um ícone banalizado, um rosto belo estampado em camisetas. Mas ele saberia, ele sabe, que foi muito mais do que isso. O que havia, o que há por trás desse rosto? Essa, a pergunta que prevalece.

O Che viveu uma vida breve. Passaram-se mais anos da sua morte do que os anos da vida que coube a ele viver. E a pergunta continua, persistente e teimosa como ele soube ser. Como seria o Che Guevara nesses nossos dias de espanto? Pois teria sabido mudar algumas idéias sem mudar um milímetro de seus princípios.

Diz Eduardo Galeano, que conheceu o Che Guevara: ele foi um homem que disse exatamente o que pensava, e que viveu exatamente o que dizia.

Assim seria ele hoje.

Já não há tantos homens talhados nessa madeira. Aliás, já não há tanto dessa madeira no mundo. Mas há os mortos que nunca morrem. Como o Che.

E, dos mortos que nunca morrem, é preciso honrar a memória, merecer seu legado, saber entendê-lo. Não nas camisetas: nos sonhos, nas esperanças, nas certezas. Para que eles não morram jamais. Como o Che.”




Eric Nepomuceno, no Carta Maior:

domingo, 9 de outubro de 2011

CHE GUEVARA: 44 ANOS, HASTA SIEMPRE






Hoje, se completam 44 anos da execução de Che Guevara, em La Higuera, na selva boliviana.


Quase meio século não foi o suficiente para que se apagasse um símbolo que, sem marketing, sem empresas, sem publicidade, continua a correr o mundo e conservar-se jovem.

Recebi e compartilho com vocês a montagem feita sobre um clip da cantora e atriz francesa Nathalie Cardone, com a música “Hasta Siempre”, de Carlos Puebla.




sábado, 8 de outubro de 2011

DIVINO IMPÉRIO


Em um discurso polêmico, o pré-candidato republicano a presidência Mitt Romney afirmou nesta sexta-feira (07/10) que Deus criou os Estados Unidos para que o país comandasse o mundo.

“Deus não criou este país para que fosse uma nação de seguidores. Os EUA não estão destinados a ser um dos vários poderes globais em equilíbrio”, afirmou Rommey. O discurso foi feito em um colégio militar no estado da Carolina do Sul.

Segundo o pré-candidato, “os EUA devem conduzir o mundo ou outros o farão”. 
As afirmações ocorrem no dia que marca os 10 anos da invasão do Afeganistão pelos EUA. Na época, o país justificou a invasão afirmando que deveria capturar o saudita Osama Bin Laden, responsável por articular os ataques de 11 de setembro.

Para Romney, o mundo seria muito mais perigoso caso os EUA não tivessem um papel de liderança. 
Deixem-me ser claro: como presidente dos Estados Unidos, eu me dedicarei a um século americano. 
Nunca, jamais, pedirei perdão em nome dos EUA”, concluiu.

Romney está em primeiro lugar nas intenções de voto entre os pré-candidatos republicanos, segundo informaram as últimas pesquisas. “Isso é muito simples: se você não quer que os EUA sejam a nação mais forte do planeta, eu não sou seu presidente”, concluiu o pré-candidato.”


Heil Romney!!!

FONTE:

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